Alberto da Costa e Silva: "Mais um poema de avô"
Mais um poema de avô
Para o Filipe
Se te disserem, "vê, a vida é breve",
ao falarem de mim, no meu descanso,
repara ao teu redor, vê como para
em cada cousa o tempo e se faz leve.
Vou sob o sol desta manhã de março,
e eis o musgo, e eis o risco que no muro
pôs no meu teu olhar limpo de enganos.
Ou pus no teu o meu, o antigo e puro.
Que não te deixe a distração da brisa
pensar que já não és este minuto.
Cada instante que fomos sempre somos
e canta, ainda que pareça mudo.
Costa e Silva, Alberto da. Poemas reunidos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.
>>retirado do blog do Antonio Cicero
Nenhum comentário:
Postar um comentário