terça-feira, 5 de março de 2019

Poeta não existe, insiste.
resiste
incide
Quis do verbo Qué.
Eu Qué.
Tu Qué.
Ele Qué.
Nós Qué.
Vós Qué. 
Eles Qué.
Quis ser poeta um dia
Tava enganado
Quero ser a própria poesia
não deu em nada.
(mintira)
É mentira que é mentira.
É mentira.
Uma palavra bonita?
A
la
go
a
no.
Ética
estou te atrapalhando você?
não está mais aqui quem falhou.
A zombaria não passa de um sintoma do prazer doentio que sente o mais fraco ao vencer o mais forte.
Quem não tem problemas, tem problemas.
Querer ~ propôr jogar jogos que vc não sabe jogar.
, o que gera problemas.
, o que gera soluções.
, o que gera prazer.
Seria o correspondente vegano do Macho-alfa carnívoro o Macho-alface?
o alface não está inscrito em nenhuma escala de valor, é alface, ponto, ninguém pergunta "como vc gosta do seu alface?", e se perguntam se vc quer alface, isso é meramente protocolar, vc não se pergunta verdadeiramente se quer o alface, vc responde quero, ou não quero, mas no fundo vc sabe que tanto faz, pq na verdade o alface pertence à categoria das coisas que não pertencem a categoria nenhuma, é, inquestionavelmente alface, assim, sem maiores perguntas, absoluto.

Ninguém pergunta - Quem quer alface? assim, no coletivo, sem cair, mesmo que implicitamente, numa falta de decoro.

Ninguém sai de casa pra comprar alface. Mas compra.

Experimento: Responder pro companheiro onde vc vai ao sair de casa: - Comprar alface.

Alface é como deus, não tem adjetivo
Deu certo.
(mintira)
a explicação é duvidosa.
"onde estará o meu amor?".. quando ouvi essa música pela primeira vez, eu a recebi não como uma canção de amor romântico, entre pares. talvez ou certamente pelo contexto que vivia, entendi como uma evocação da nossa (de cada um) capacidade de amar.. um pedido, um apelo em meio a um contexto de dor e ressentimento. onde estará? onde estará o meu amor? fico espantado como cada verso e cada trecho da melodia compõem com esse entendimento. quase como uma canção de ninar, uma evocação dos bons e um afastar dos maus espíritos... bem pra além da representação, um convite ritualístico das forças mais ternas, amorosas... obs.: vale conferir a versão original, do chico césar (genial)
poeta: pasmado essencial.
O Meu Olhar
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E, de vez em quando, olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
(O Guardador de Rebanhos - Alberto Caeiro)
tudo o que não é testa, é enigma.
Quando o que temos pra falar é tão consistente, mas tão consistente, não precisa mais ser dito.
Juntando todas as frases de para-choque dá Fora Temer.
Algo falta no parafuso da sua cabeça.
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Maria, Sheila
Desejo: não saber.
Tudo se veste da cor de teu vestido azul
Tudo — menos a dona do vestido:
meus olhos te passeiam nua
pela grama do campo de golfe
Uma curva e eis-nos diante de meu coração
Não amiga, não temas
meu coração;
é apenas um chapéu surrado
que humildemente estendo
para colher um pouco de tua alegria
de tua graça distraída
de teu dia
Francisco Alvim
devir-tatuador (ou
poeta)
incomodar é fundamental.
o "como dar" é fundamental.. (no fundo é a mesma coisa); 
.. o "como" é fundamental;
..comer e dar é fundamental..
Toda a literatura está em uma relação com a linguagem que é no fundo a que o pensamento mantém com o saber. A linguagem diz o saber não sabido da literatura. 
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Sr. Michel Foucault
senso-percepção ou enigma.
ontem, cria. hoje,
cria.
quem crê não
cria
a vida não é séria,
o jogar, é
Vidao
game
You'
re welco
Me.
Amor próprio
Obrigado-me.
De nada-me.
Não é ou não é?
Não é.
É.
"Ser senhor de seu próprio estado de espírito é privilégio dos grandes animais".
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Albert Camus
Começou dizendo que toda relação de amor é uma relação de poder, mas que nem toda relação de poder é uma relação de amor e que, ali, ninguém precisava se amar, mas que isso poderia acontecer no decorrer do processo, que isso provavelmente aconteceria quando o poder, sempre inevitável entre os corpos, fosse de algum modo encantado e distraído pela precisão da força de algum poderoso pensar, que tal precisão poderia nos trazer uma vontade de trair o que teríamos sido até então e uma nova tradição, com novos casamentos e filhos de uma pulsação sanguínea apaixonada por um ir comum, se faria possível, que tal precisão também poderia gerar indiferença ou ódio entre os que preferem não pensar para além da utilidade de certos graus de instrução, que tal precisão só nasce de um modo incalculável, movida por algum tique que escapa ao programa da disciplina e que, portanto, ele ainda não sabia, não poderia saber se ali se daria o acontecimento de tal precisão e que, por hora, não tinha mais nada a dizer e perguntou se alguém gostaria de se manifestar e, após a manifestação coletiva de um quase silêncio de alguns minutos, encerrou a aula cerca de 80 minutos antes do tempo previsto no regulamento. - André Monteiro Conto Escolar (Para Roberto Cossan)
e
lo
gi
o.
o "eu" é um projeto de poder.
voltando do trabalho pra casa, fui dar um mergulho noturno no velho arpoador. pude sentir de novo o que era o gostinho de morar na rua joaquim nabuco (outro dia me dei conta que todas as ruas que morei se chamam joaquim ao descobrir o nome de batismo do visconde de pirajá), passando pelo antigo prédio da minha morada de 2005 a 2015, sem deixar de acenar pro porteiro reginaldo (outro nome que reencontro na portaria) e finalmente caminhando sobre o filete de calçada mais atraente dessas bandas. já na areia, fiz cabaninha de canga pra tirar o jeans e botar a sunga, ambas trazidas pela sheila de casa. e lá fui eu reviver a sensação do mar no lusco fusco dos refletores, tendo em perspectiva a ipanema dos estilos, dos consumos. talvez seja essa composição do urbano e da natureza o termo da atração que vivo por essa paisagem, em que são difusas as fronteiras entre ócio e trabalho. já disse uma vez que o que eu gosto em ipanema é a vagabundagem. mas o foco do texto era outro: ao entrar no mar, avistei um objeto cor de areia. eram dois siris, um se segurando ao outro pela puã. uma cena bem estranha, já que eles não fugiam. pensei duas vezes e voltei pra pegar minha calça jeans na areia. vesti ela como se fossem duas luvas e cacei os bichinhos. foram parar na panela e dela, devidamente saboreados nesse fim de noite de segunda, quase terça.