terça-feira, 5 de março de 2019

voltando do trabalho pra casa, fui dar um mergulho noturno no velho arpoador. pude sentir de novo o que era o gostinho de morar na rua joaquim nabuco (outro dia me dei conta que todas as ruas que morei se chamam joaquim ao descobrir o nome de batismo do visconde de pirajá), passando pelo antigo prédio da minha morada de 2005 a 2015, sem deixar de acenar pro porteiro reginaldo (outro nome que reencontro na portaria) e finalmente caminhando sobre o filete de calçada mais atraente dessas bandas. já na areia, fiz cabaninha de canga pra tirar o jeans e botar a sunga, ambas trazidas pela sheila de casa. e lá fui eu reviver a sensação do mar no lusco fusco dos refletores, tendo em perspectiva a ipanema dos estilos, dos consumos. talvez seja essa composição do urbano e da natureza o termo da atração que vivo por essa paisagem, em que são difusas as fronteiras entre ócio e trabalho. já disse uma vez que o que eu gosto em ipanema é a vagabundagem. mas o foco do texto era outro: ao entrar no mar, avistei um objeto cor de areia. eram dois siris, um se segurando ao outro pela puã. uma cena bem estranha, já que eles não fugiam. pensei duas vezes e voltei pra pegar minha calça jeans na areia. vesti ela como se fossem duas luvas e cacei os bichinhos. foram parar na panela e dela, devidamente saboreados nesse fim de noite de segunda, quase terça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário